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21/09/2018

Debate 88: setembro amarelo

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Debate 88: setembro amarelo

No ano passado, fomos sacudidos pelas notícias sobre vítimas do jogo “baleia azul”. Um jogo virtual, orientado e monitorado por curadores (ou tutores), que incentivavam ações, ditavam as regras e faziam as cobranças. O jogador era desafiado a progredir nas fases ou etapas, agindo de forma pouco convencional, o que inclui atentar contra a própria vida.

Apesar das discussões e controvérsias em torno da baleia azul, de suas regras e de sua veracidade, ele estimulou o questionamento das pessoas sobre as motivações de adolescentes e jovens se envolverem com passatempos sinistros e aventuras estranhas, culminando com investidas contra si, como se fosse uma experiência positiva.

Esse ano, o jogo que está causando reações entre os mais novos é a “momo”. No último dia 14, uma adolescente de Recife aceitou solicitação de amizade de um perfil e começou a receber ameaças. Mensagens de “momo” diziam que se ela não se machucasse, a sua família morreria. A mãe flagrou a cena e denunciou o caso as autoridades. Isso deu visibilidade aos comportamentos de autodestruição, que, apesar de serem reais e afetarem muitas pessoas, não são tratados abertamente.

Mas o que leva uma pessoa a querer se matar?

O suicídio é o ato voluntário de tirar a própria vida. Constitui-se em desejo consciente de morrer e a noção clara do que o ato executado pode resultar. Vários fatores podem estar relacionados ao suicídio: histórico familiar, distúrbios de humor ou de doenças mentais, desequilíbrios psicológicos, fatores ambientais e sociais, eventos altamente estressantes, ausência de apoio social e emocional, impulsos mórbidos, entre outros. Esses fatores de risco podem variar em intensidade e imprimir na pessoa o desejo e a certeza de que a única saída viável é interromper o seu ciclo de vida.

É muito provável que todos já tenhamos tido contato com alguém que pensou em se matar, tentou ou chegou a cometer suicídio. Quando nos deparamos com alguma notícia sobre suicídio, mesmo que o fato tenha acontecido com pessoas distantes da nossa realidade, o assunto sempre nos comove. Muitas vezes refletimos: o que leva uma pessoa a querer tirar a própria vida? O que passava em sua cabeça? Será que ninguém tentou impedir tal tragédia?

Acontece que a quantidade de pessoas que tira a própria vida é muito maior do que a gente imagina. Mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que representa uma morte a cada quarenta segundos. No Brasil, trinta e duas pessoas são mortas diariamente. Isso significa que o número de mortes por suicídio no nosso país é maior que por AIDS e alguns tipos de câncer. Os dados são alarmantes. Isto, sem considerar as pessoas que têm pensamentos suicidas, cujo número não podemos nem imaginar. 

 

PERGUNTAS:

Existe uma forma de prevenir o suicídio? 
Como perceber que o meu próximo tem pensamentos que podem levá-lo a tirar a própria vida? 


O suicídio é um transtorno mental ou é uma ação do inimigo quando abrimos brechas em nossa vida?


Irritação ou inquietação, perda o apetite, alterações no sono, perda de energia, culpa, problemas de concentração e perda de interesse nas atividades diárias são alguns dos sintomas que podem dar início a sentimentos de inutilidade, que levam ao suicídio. A partir de que ponto podemos nos preocupar com algumas dessas atitudes? Perceber mudanças no comportamento é a melhor forma de prevenir o suicídio? Todas as pessoas que cometem suicídio, demonstraram a vontade de se matar? Existe outra forma mais eficaz de prevenção?

 

SEGUNDO BLOCO

O suicídio é considerado um problema de saúde pública. Contudo, para a Organização Mundial da Saúde, o suicídio pode, sim, ser prevenido. Com o objetivo de quebrar o tabu em torno do tema e ajudar nessa prevenção, diversas associações promovem no Brasil o setembro amarelo, no intuito de realizar eventos que abram espaço para debates e ampla divulgação do tema.

Quem tinha um relacionamento muito próximo com alguém que cometeu suicídio também merece atenção. Muitos sentimentos e pensamentos rondam os "sobreviventes". Além da saudade, dor, tristeza, há também quem sinta culpa, vergonha e até raiva. A sociedade, muitas vezes, julga, imaginando que aquilo poderia ter sido evitado. Já imaginou se sentir responsável pela morte de alguém? Diante disso, como podemos ajudar essas pessoas? Como evitar que esses sentimentos não se tornem pensamentos suicidas, que essa angústia pode acarretar?

 
A depressão, que leva ao suicídio, é a maior causa de mortes entre os jovens. Ansiedade, solidão, falta de apoio dos pais, perda de pessoas queridas são alguns sintomas que levam à uma tristeza profunda. Em alguns casos, a depressão pode começar na infância, ou no início da adolescência. De que forma os pais devem lidar com filhos depressivos? Até que ponto podem influenciar positiva ou negativamente um filho que tem esta doença?

Mas será que existe uma forma de prevenir o suicídio? Como perceber que o meu próximo tem pensamentos que podem levá-lo a tirar a própria vida? O suicídio é um transtorno mental ou é uma ação do inimigo quando abrimos brechas em nossa vida?

 

TERCEIRO BLOCO

Para nós, cristãos, entender tudo isso é um desafio. Ficamos confusos e temos dificuldades para avaliar e compreender o mundo em que os nossos filhos estão crescendo. As crises se intensificam e as respostas que temos talvez não sejam suficientes para os questionamentos quanto ao sentido da vida. Não podemos simplificar a questão – o autoextermínio, as feridas e cicatrizes são reais. Precisamos aceitar o fato de que sabemos pouco a esse respeito, mas é preciso coragem para enfrentar a situação.

Na carta de Paulo a Timóteo, há um alerta apropriado: “nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé por obedecerem a espíritos enganadores e ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentira, e que têm cauterizado a própria consciência” (1 Tm 4.1-2).

As vítimas podem estar dentro de nossa casa, sob nosso controle familiar, assistindo aos cultos, participando de todas as atividades da igreja, mas com angústias que não conseguem nomear, com sentimentos de inutilidade, de desamparo e com desejos incompreendidos. Pode ser que parentes, vizinhos, colegas de trabalho ou de escola, ou conhecidos estejam dando atenção a estas vozes invisíveis e oportunistas. Não podemos esquecer que nossas crianças, adolescentes e jovens são alvos de satanás. Ele utilizará qualquer fraqueza humana para destruir a esperança e fomentar a aflição e o aprisionamento, com particularidades sinistras e muito bem orquestradas, tentando descartar a oferta de salvação de um salvador misericordioso.

Ainda existe prevenção. A bíblia nos inspira a uma esperança concreta, alicerçada na fé e no cuidado da vida como um bem essencial.